Durante os dias 16 e 17, o Ministério de
Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Núcleo de Extensão e
Pesquisa em Agroecologia, realizou um Seminário Regional de Assistência Técnica
e Extensão Rural (ATER) e Pesquisa. O evento teve como objetivos acompanhar os
núcleos, avaliar as ações dos projetos que foram contemplados pelo edital 58
MDA/CNPq, discutir propostas para os próximos editais, melhorar as estratégias
de seleção dos núcleos e fortalecer os núcleos existentes. Na ocasião estavam
presentes professores, coordenadores dos núcleos, estudantes bolsistas,
representantes de instituições parceiras, consultores e delegados estaduais do
MDA de quatro estados (Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia).
O primeiro dia do seminário foi realizado na área
de experiências do Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS),
localizada no sítio Riacho das Moças, no município de Maturéia. No período da
manhã José Rego, assessor técnico do CEPFS fez uma apresentação inicial sobre
os objetivos da entidade e o papel da área experimental. Em seguida, os
participantes do evento foram a campo conhecer de perto as tecnologias sociais
inovadoras que estão sendo implementadas na área e também reproduzidas em comunidades da região. Após a visita, Denise Cavalcanti,
consultora do MDA, fez uma explanação sobre o histórico dos Editais CNPq/MDA e
debateu com os participantes.
No segundo dia o evento foi sediado na
Universidade Federal de Campina Grande, no Campus de Patos. Na ocasião houve a formação
de grupos setoriais que trabalharam o Tema: Os gargalos da Inovação Tecnológica
para a agricultura familiar na região Nordeste. No término do seminário foi
construído um documento final com avaliação dos impactos dos projetos,
sugestões e propostas de continuidade dos editais a serem incluídas em uma
carta a ser enviada ao MDA e CNPq.
De acordo com Denise Cavalcanti, consultora do
MDA e responsável pelo acompanhamento dos editais, houve uma participação significativa
dos envolvidos em todos os seminários resultando em frutos positivos. “A avaliação que eu faço dos seminários é
extremamente positiva, nós temos uma participação quase unânime, em algumas
regiões 100% de participação dos professores e coordenadores dos projetos. Dos
seminários saíram encaminhamentos de que necessita continuar havendo os
lançamentos dos editais e que precisa ter um estreitamento entre as
universidades e o MDA. As expectativas é que a gente consiga realmente
encaminhar um documento com os resultados deste seminário para o ministério,
ter um espaço de audiência com o secretário para uma conversa, negociação e ter
também o lançamento de um novo edital.” Declarou a consultora.
ENTREVISTA
Edísio Azevedo
Professor da Universidade Federal de Campina Grande
Quais as
ações que os núcleos desenvolvem?
Os núcleos desenvolvem estudos , fazem extensão e
pesquisas em agroecologia. Alguns grupos de alunos realizam pesquisas, outros
extensão, trabalham com as comunidades, difusão de tecnologias, articulações
com instituições parceiras, como CEPFS, PROPAC, CARITAS, MST, e também
desenvolvem atividades internas dentro da universidade, como a realização de
discussões, apresentação de vídeos, debates sobre agroecologia e reuniões
mensais. Então tem uma série de atividades do NEPA que tem atividades práticas
e teóricas, sempre dentro e fora da universidade. É uma gama de atividades bem
diversificadas, tem estudantes fazendo pesquisas com plantas medicinais,
estamos trabalhando aqui junto com o CEPFS num levantamento dos sonhos dos
agricultores familiares daqui da região da Serra do Teixeira, juntamente com a Inter
American - Foundation - IAF, temos trabalho com a COOTERA, na área de assentamento,
realizamos dias de campo, oficinas, seminários. Não tem assim uma coisa
padronizada, e isso é muito legal a gente ganha muita experiência, tem muito contato
com os agricultores, outros professores de escolas, técnicos da EMATER. É um enriquecimento
grande, e bem diversificado e os alunos ficam bem animados com este tipo de
trabalho.
Você
acredita que este trabalho dos núcleos ajuda a melhorar a relação entre o saber
popular e o saber técnico?
Com certeza, inclusive a gente reconhece que o
saber popular é o que muitas vezes impulsiona as pesquisas e estas na verdade
não saíram das nossas cabeças, quando vamos realizá-las que é uma coisa mais
técnica, a gente parte sempre de uma demanda ou de um conhecimento que as
comunidades já têm, nós respeitamos muito o saber popular, o acúmulo de experiências
que os agricultores têm. E academicamente falando, tentamos fazer uma coisa
mais aceitável do ponto de vista da academia e muitas vezes a gente comprova
aquele saber popular e existe uma troca muito grande de saberes. Não acreditamos
que uma coisa seja contra a outra, mas que o conhecimento popular e o
cientifico são apenas expressões diferentes do mesmo tipo de conhecimento. Os
conhecimentos são iguais com pessoas e atitudes diferentes, às vezes interpretações
um pouco mais sofisticadas, mas na verdade eles não são antagônicos e se
complementam.
O CEPFS tem
uma parceria com o núcleo da UFGC (campus de Patos), através também da
disponibilidade da área de experiências para a realização de aulas práticas. Em
sua opinião qual a importância desta parceria?
A gente tem uma relação muito boa, profissional e
benéfica tanto para o CEPFS quanto para a universidade. A área de experiência
do CEPFS tem uma estrutura simples e funcional, ela tem contribuído muito na formação
dos nossos estudantes. Às vezes a gente fala na convivência com a realidade
semiárida e os alunos ficam sem saber o que é isso. Quando a gente traz eles para
cá aí começam a perceber que para conviver bem é preciso apenas pequenas mudanças,
como captar bem a água e cuidá-la. A área tem sido muito importante para a
formação de nossos alunos, o CEPFS tem sido um parceiro na sensibilização e no despertar
das pessoas para essa realidade da trajetória da universidade e da convivência
com o semiárido. Os alunos entram aqui de um jeito e saem de outro, saem
maravilhados com a possibilidade que o semiárido tem de conviver bem com ele,
com pequenas coisas simples, então o impacto maior nos alunos é esse, desde que
a gente trabalha com a parceria tem sido assim.