A entrega do Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2014 aconteceu na manhã da última terça-feira (5), durante a cerimônia de abertura da edição do Congresso Ecogerma deste ano, no Club Transatlântico, em São Paulo.
Criado em 2000 pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a premiação tem a intenção de reconhecer projetos de todo o País que promovam o desenvolvimento socioeconômico e cultural, alinhado ao conceito de sustentabilidade. Além disso, visa reconhecer e reforçar o compromisso da Alemanha e das empresas de capital alemão instaladas no Brasil com o desenvolvimento sustentável.
“As novas gerações que estão à frente das tomadas de decisões têm cada vez mais a obrigação de buscar a relação entre economia e ecologia”, declarou Marcelo Lacerda, coordenador da Comissão de Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha, durante o início da cerimônia.
A iniciativa analisou 75 trabalhos e premiou os três melhores colocados das três categorias em foco: Humanidade, Natureza e Tecnologia. Além disso, houve uma menção honrosa na categoria Natureza.
Lista dos premiados
Humanidade
1º lugar: “Mapeando Sinergias pela Sustentabilidade da Pan Amazônia”, do Fundo Vale – Associação Vale para o Desenvolvimento Sustentável
Em 2012 o Fundo Vale realizou uma grande pesquisa sobre o perfil e o potencial de sinergia entre centenas de organizações e pessoas que atuam pelo desenvolvimento sustentável da Pan-Amazônia no Brasil e sete países do bioma. Os resultados estão disponíveis no “Mapa de Sinergias da Pan Amazônia” que permite a qualquer pessoa identificar na internet que está operando aonde, em 45 temas e dimensões ambientais, sociais, econômicas e culturais e qual o foco dos beneficiados entre as organizações para permitir maior eficiência de comunicação.
2º lugar: “Convivência com a realidade semiárida – promovendo o acesso a água, solidariedade e cidadania”, do Centro de Educação Popular e Formação Social – CEPFS
A experiência, que vem sendo desenvolvida em comunidades rurais da região semiárida do médio Sertão da Paraíba há 20 anos, tem como objetivo promover o empoderamento social, a partir do fortalecimento político organizativo das famílias e comunidades, resgatando práticas de solidariedade já vivenciadas pelas famílias, que possam, a partir de inovações sociais, contribuir, efetivamente, para uma melhor e mais sustentável qualidade de vida, a partir das potencialidades locais (natureza) e da gestão participativa de recursos.
3º lugar: “Movimento Gastronomia Responsável”, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
A curadoria do projeto convidou chefs para criarem pratos seguindo os quatro princípios de conservação da biodiversidade que norteiam o movimento: utilização de alimentos orgânicos, aproveitamento integral dos ingredientes, não utilização de espécies da fauna e flora e uso de ingredientes de fornecedores locais. O Gastronomia Responsável conta com 50 restaurantes participantes em oito estados. Cada um deles oferece pelo menos um prato que segue as especificações do movimento. As pessoas também são convidadas a participar da iniciativa, criando suas próprias receitas responsáveis e compartilhando-as no site http://www.gastronomiaresponsavel.com.br/.
Natureza
1º lugar: “Projeto Manejar para Conservar”, da Fundação Amazonas Sustentável – FAZ
O projeto apoia a geração de trabalho e renda por meio do manejo sustentável de madeira na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (AM), tornando legal e sustentável a atividade, antes ilegal e predatória, formando capacidades locais e dando poder para que acompanhem as etapas do licenciamento, produção e comercialização da madeira.
2º lugar: “Uma Parceria Pelo Futuro – Cooperação Técnica VC – SBE – RBMA”, Da Votorantim Cimentos – VC.
Os objetivos da Cooperação Técnica VC (Votorantim Cimentos) – SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia) – RBMA (Reserva da Biosfera e da Mata Atlântica) são desenvolver, implementar e difundir boas práticas socioambientais de mineração em áreas cársticas e no entorno das Unidades de Conservação, bem como em áreas de Mata Atlântica que contribuam para a proteção da biodiversidade e a proteção do patrimônio espeleológico.
3º lugar: “Conservador das Águas”, da Prefeitura Municipal de Extrema – MG.
O projeto foi concebido em 2005 por meio da lei n? 2100, com o objetivo de manter a qualidade dos mananciais de Extrema e promover a adequação ambiental das propriedades rurais, priorizando ações preventivas do que corretivas. Um dos principais objetivos do Conservador de Águas, que é voluntário, é garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental dos manejos e práticas implantadas, por meio de incentivos financeiros (PSA).
Menção Honrosa: “Gestão Participativa e Sustentável de Resíduos Sólidos”, de Jutta Gutberlet.
Durante seis anos, a ação desenvolveu múltiplas atividades, fortalecendo a coleta seletiva diária com 32 cooperativas de catadores na região metropolitana de São Paulo. O projeto também ajudou na construção de políticas públicas de resíduos sólidos com a inclusão socioeconômica dos catadores, melhorando as condições de trabalho.
Tecnologia
1º lugar: “Valore”, da Bayer CropScience.
Implementado em 2009, o programa leva aos produtores rurais toda a orientação de que precisam para tornar suas culturas mais sustentáveis e, com isso, obter certificações internacionais. Além de melhorar a qualidade dos produtos e evitar desperdícios de recursos nos processos, o Valore reúne dezenas de ações em favor da segurança dos trabalhadores, da preservação do meio ambiente e do respeito à legislação.
2º lugar: “ENIAC – Resíduos Eletrônicos”, do Instituto Brasileiro de Turismólogos.
Projeto de Responsabilidade Socioambiental que recebe doações de resíduos eletrônicos e bonifica seus doadores. Todo material coletado ganha destinação adequada, reaproveitamento ou é doado para entidades públicas.
3º lugar: “Cisternas com sistemas de boia para lavagem do telhado e bomba D'água trampolim no processo de captação e manejo de água de chuva para o consumo humano”, do Centro de Educação Popular e Formação Social – CEPFS.
A iniciativa tem estimulado uma inovação social importante para melhorar a portabilidade da água captada da chuva para o consumo humano. Há na zona rural do nordeste, muitos insetos e pequenos lagartos (lagartixas) e até ratos nos telhados que, freqüentemente, fazem suas necessidades fisiológicas e contaminam o espaço. A experiência consiste em dois reservatórios, uma cisterna para captação de água para o consumo humano, reservatório com capacidade de armazenamento de 16 mil litros de água captada do telhado por meio de calhas, e outro pequeno dimensionado, a partir da necessidade da água para a lavagem do telhado.
Para os integrantes do CEPFS é mais uma conquista fruto das ações apoiadas por vários parceiros: Trocaire, BrazilFoundation, Ashoka, Fundo Finlandês de Cooperação Local da Embaixada da Finlândia, IAF, BNB, Instituto Oi Futuro, MDS e Petrobras, através da ASA Brasil, IABS , MIVA, Chiaroscuro Foundation e, mais recente, a Petrobras através de patrocínio por meio do Programa Socioambiental. Essas conquistas evidenciam que a luta dos agricultores e agricultoras em busca da convivência com a realidade semiárida está indo no horizonte correto. Esse resultado é também fruto da ação incansável de toda a equipe da entidade, mas, principalmente, do engajamento de milhares de famílias nas atividades de formação e desenvolvimento e implantação de tecnologias sociais de convivência com a realidade semiárida.
É mais um reconhecimento atribuído ao trabalho desenvolvido pelo CEPFS, através de uma certificação mensurada por júri com alto conhecimento na temática sustentabilidade.
O Centro de Educação Popular e Formação Social CEPFS teve a honra de ser representado, na cerimônia de premiação, por Deise Hajpek, Venture e Fellowship da Ashoka Brasil.