terça-feira, 25 de setembro de 2012

Capacitações em Gestão de Água para Produção de Alimentos Propiciam Troca de Saberes entre Agricultoras e Agricultores



Renalle Benício
Comunicadora Popular CEPFS/ ASA
Teixeira 21/09/2012

Foram as chuvas irregulares, estiagens prolongadas, e um fenômeno climático chamado seca, os principais fatores que motivaram os agricultores e as agricultoras do semiárido a desenvolverem estratégias para a convivência com as particularidades desta região. Agora eles e elas se reúnem em atividades de formação para trocarem experiências.

Nas três primeiras semanas do mês de setembro, o Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), realizou nos municípios de Teixeira, São José do Bonfim, Maturéia e Imaculada, capacitações em Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA).

Estes espaços de encontro entre agricultores e agricultoras foram muito mais que momentos de “capacitações”, foram principalmente, ocasiões que propiciaram a troca de saberes e a construção de conhecimento entre os participantes, que  durante as atividades ouviram experiências e compartilharam as suas, visitaram propriedades e participaram de atividades práticas.

A área de experiência do CEPFS que fica na comunidade Riacho das Moças, no município de Maturéia, sediou uma das capacitações, o local foi bastante propício para dar vida ao conteúdo trabalhado. Os participantes visitaram as diversas tecnologias sociais de convivência com o semiárido implantadas no local, entre elas estão o tanque em pedra, o biodigestor, e a experiência de canteiros econômicos. Também conheceram a cisterna de enxurrada que serviu de referência para o Programa uma Terra e Duas Águas. Hoje através deste programa a experiência se multiplica por todo o semiárido brasileiro. Para o animador Marcos Sales o local foi bastante favorável para a realização da atividade. “Foi bastante estratégico a realização deste GAPA aqui na área experimental por conta da organização hídrica que existe e das experiências de convivência aqui desenvolvidas.“ Declarou o animador.

Os agricultores comprovaram, de perto, que tendo água armazenada, é possível continuar gerando vida e produzindo alimento em plena estiagem. “Aqui é um colégio, porque a gente que tem um pouco de experiência sai com mais conhecimento ainda. Essa experiência do Tanque em Pedra desenvolvida aqui é muito interessante, quando chove a água captada na pedra enche várias cisternas, que garante água para a plantação durante o ano inteiro. Sem falar que foi feita com uma pequena quantidade de recurso. Aqui é como eu já falei é um colégio, inspirador de mais para nós, porque tem tanta gente por aí que sabe das coisas, mas esconde as informações.” Declarou o Agricultor Sebastião Nogueira, da Pedra Lavrada, Município de Maturéia.

As capacitações fazem parte das atividades de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas e reúnem beneficiários e beneficiárias do referido programa, a fim de refletirem sobre as alternativas de aproveitamento sustentável dos recursos naturais, desenvolvidas ao longo do tempo por homens e mulheres do campo que convivem nesta região.

O que a população do semiárido precisa é de infra-estrutura hídrica para enfrentar os períodos mais críticos, precisa de mais apoios governamentais que valorizem o saber popular apoiando as experiências desenvolvidas pelos agricultores e agricultoras que na luta pela sobrevivência já encontraram alternativas eficazes, capaz garantir vida digna no semiárido.” Declarou Maria Helena, Instrutora das capacitações em GAPA.


“Saio daqui com planos para o futuro. Nós mulheres que participamos deste evento já conversamos sobre a possibilidade de montarmos um grupo para trabalhar com beneficiamento de frutas para produção de doces. Inicialmente, podemos comercializar na comunidade e depois expandir para a feira da agricultura familiar em Patos. Com a cisterna teremos condições de produzir mais e plantar também aquelas frutíferas que ainda não temos. Saímos daqui com o compromisso de levar a discussão para outras famílias também”. Lucineide Vieira, Comunidade Tubarão - São José do Bonfim.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CEPFS E UNACT ESTIMULAM DIÁLOGO DAS LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS, AGRICULTORAS E AGRICULTORES DE BASE FAMILIAR COM OS CANDIDATOS(AS) A PREFEITO(A) NAS ELEIÇÕES DE 2012, NO MUNICÍPIO DE TEIXEIRA

No dia 04 de setembro, passado, o Centro de Educação Popular e Formação Social, em parceria com a UNACT – União das Associações Comunitárias do Município de Teixeira realizou uma oficina de estudo dos programas dos candidatos(as) a prefeito(a) nas eleições 2012. A atividade aconteceu na comunidade Riacho Verde – Teixeira - PB e, contou com a participação de 26 lideranças, agricultores(as) sendo 16 mulheres e 10 homens. A atividade permitiu que os participantes estudassem as propostas dos candidatos(as) e pudessem organizar propostas para serem apresentadas no encontro de Diálogo entre as lideranças comunitárias, agricultores e agricultoras e os candidatos(as) a Prefeitos(as) nas eleições de 2012 que foi realizado no dia 14 de setembro, já passado, também, na comunidade Riacho Verde. No decorrer da oficina os participantes avaliaram como importante a atividade, mas, destacaram que o conteúdo dos programas eram por demais extenso o que dificultou o estudo, de forma aprofundada, de todos os conteúdos de cada candidato(a). Ao final do evento, além de definirem as propostas a serem acrescentadas aos planos de governo,  os participantes  planejaram o evento do dia 14 e aprovarão as regras de participação dos candidatos.


O evento do dia 14: Encontro de diálogo entre as lideranças comunitárias, agricultoras e agricultores e os candidatos(as) a prefeito(a), nas eleições de 2012,  foi promovido pela União das Associações Comunitárias do Município de Teixeira – UNACT, tendo contado com a assessoria do CEPFS. Cada candidato(a) teve um tempo de participação de 2 horas incluindo exposição do plano de governo, perguntas e respostas e, apresentação, por parte dos participantes,  de propostas  a serem acrescidas aos referidos planos de governo. Ao final do período  de cada candidato(a) a assessoria do evento apresentava um documento contendo as propostas originais do plano de governo do candidato, nos seguimentos agricultura e meio ambiente, e, os acréscimos dos participantes, documento este aprovado e assinado por cada candidato(a). O evento foi mediado por José Anchieta de Assis, integrante da CÁRITAS Nordeste II e, contou com a participação de   69 participantes, incluindo os candidatos e a coordenação do evento. Por ocasião do encontro foi possível sentir o empoderamento dos participantes através de perguntas bem formuladas aos candidatos(a), destacando inclusive alguns direitos que a população urbana tem e a rural não tem, por exemplo: a pergunta de Solon Arruda, líder comunitário da comunidade Riacho Verde “Candidato A, eu avalio que esses projetos que tem para fazer conjuntos habitacionais nas cidades terminam estimulando a ida do povo do campo para a  cidade. Vossa senhoria não acha que esses projetos deveriam atuar também na zona rural. Se eleito que posição terá em relação a essa questão?”.  José Pedro de Lima, líder comunitário da comunidade Catolé dos Machados – Teixeira – PB – Candidato B, nosso trabalho é feito assim: quando agente conquista um recurso, por menor que seja, agente senta com os companheiros(as) para discutir e definir para onde vai,  como deve ser aplica, o que vai apoiar e quem vai receber o apoio, ou seja as decisões são participativa, caso seja eleito vossa Senhora terá coragem de sentar conosco para realizar a administração dos recursos públicos dessa forma, mesmo que a fatia de recursos destinada para a zona rural seja a a menor possível? A agricultura Maria Ozenir, da  comunidade Santo Agostinho – Teixeira – PB perguntou  “Candidato Y  porque só existe programa de distribuição de leite para as criança da cidade? Porque nossas crianças, da zona rural não tem direito ao leite? Caso seja eleito qual será sua posição em relação ao programa de distribuição do leite”? “Vai reivindicar para que as nossas crianças da zona rural, também, tenham esse direito”?  

Os documentos assinados pelos candidatos(as) irão servir de base para acompanhamento, por parte das lideranças, agricultoras e agricultores, no processo de gestão do governo do candidato(a) eleito(a). As reflexões feitas pelas lideranças dão conta de que não basta apresentar propostas aos candidatos e, eles se comprometerem. É necessário acompanhar o desenvolvimento e a gestão do plano de governo do candidato ou candidata que for eleito(a), monitorando o que está sendo feito e o que não está e, cobrando resposta do porque de não está sendo desenvolvido conforme o que foi apresentado e firmado compromisso, quando de sua campanha para se eleger.

Iniciativas como essa elevam o poder das lideranças, das agricultoras e agricultores fazendo-as enxergar que são capazes de incidirem no processo de mudança da realidade onde estão vivendo a partir de uma ação cidadã, onde além de votar, também, apresentem propostas, a partir de suas experiências, para o desenvolvimento local e, assim, possam sentir-se cidadãos e cidadãs ativos(as), assumindo a condição de sujeitos dos processos de mudanças locais.  






































segunda-feira, 17 de setembro de 2012

BENEFICIÁRIA DO PROJETO CONVIVÊNCIA COM A REALIDADE SEMIÁRIDA, APOIADO POR IAF, CONCEDE ENTREVISTA PARA CEPFS - DEDO DE PROSA


Entrevistada: Marlene Holanda Luiz, beneficiária do projeto Convivência com a Realidade Semiárida, apoiado Pela Inter-American Foundation - IAF
Número de pessoas que moram na residência: 04
Comunidade: Cipó
Município: Cacimbas - PB
Entrevistadora: Jéssica Lira, jornalista, Coordenadora pedagógica do Projeto "Convivência com a Realidade Semiárida, Socializando Saberes".

- O que está representando o apoio do CEPFS, através da parceria com a IAF, para a vida da sua família?

Marlene
Está representando muita coisa, inclusive, está realizando meu maior sonho: ter água disponível para aguar minhas plantas, pois eu adoro plantar tanto plantas medicinais como ornamentais, e também fazer canteiros. E como eu gosto de criar bicho, aqui a gente sofria muito com os animais, mas, agora eu tenho a esperança que vai chover, a cisterna vai encher e nunca mais eu vou sofrer pela falta de água.

- Com isso, nós podemos até destacar a questão da qualidade de vida, que com certeza a partir deste projeto vai melhorar muito!

Marlene
Com certeza. Inclusive o pessoal daqui está se mudando muito para a cidade, devido à falta de água, e até mesmo eu já tinha pensado antes, mas, agora depois desse projeto jamais eu vou sair daqui, porque aqui está ficando tudo organizado, como você está vendo. Melhorias para os animais e para a família principalmente.

- Sua família já tinha conseguido outro apoio através de algum projeto, ou este é o primeiro?

Marlene
Já tinha conseguido sim, pois eu já tenho a cisterna de água para beber que foi feita há muito tempo através das associações, e foi de grande importância.

- Sua família já tendo sido beneficiada anteriormente com outro projeto. Como você pode estabelecer a diferença entre um e outro?

Marlene
Eu vejo que há tempos atrás as coisas eram muito mais difíceis. E agora o projeto é maior, melhor, e beneficia várias coisas, não só nos ajudando com a cisterna, pois tem a cerca dos animais e o galinheiro, onde eu penso em fazer uma granja, e para mim vai ser muito importante.


- Quais as dificuldades encontradas agora, durante esta realização?
 
Marlene
No momento a maior dificuldade  que estou enfrentando é com o processo de construção da cisterna. Como não água eu tive que comprar vindo de Desterro, hoje mesmo está quase acabando a que tem aí. Próxima semana já tem que comprar de novo, e também a questão de areia que não tinha e teve que vir de fora. Foram muitas dificuldades, e para conseguir uma coisa sabemos que é difícil, mas temos mais é que lutar.

- Você falou na questão da vida em comunidade, da participação nas associações. Como você poderia avaliar esta participação?

Marlene
Tem muitos pontos positivos, principalmente aqui na comunidade Cipó. O Fundo Rotativo Solidário aqui está bem organizado, e quando alguém precisa é possível se beneficiar do dinheiro, de acordo com o grupo. O bom é que as pessoas também estão com uma visão bem diferente da associação, porque antes eles estavam desestimulados, mas depois destes projetos estão tendo interesse em procurar saber como se consegue.

- Para finalizar, eu pediria para que você deixasse uma mensagem para outras pessoas que possam vir a ser beneficiadas com esse projeto.

Marlene
Que as pessoas nunca desistam da associação, que contribuam e colaborem com o Fundo Rotativo Solidário, que é muito importante. Inclusive eu sempre friso nas associações para que devolvam o dinheiro que pertence ao fundo, pois estamos conseguindo ficar cada vez mais independentes dos políticos. Como estamos em um ano eleitoral, os políticos gostam muito de aproveitarem estas situações, e como todos estão se organizando e muita gente hoje tem sua água para beber (só não no momento, porque não choveu), e sendo assim estão tendo independência. Isso tudo se dá graças às associações e aos projetos que estão vindo através delas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Projeto Convivência com a Realidade Semiárida é Finalista do Prêmio Planeta Casa da Revista Casa da Editora Abril

O projeto Convivência com  a Realidade Semiárida é Finalista do Prêmio Planeta Casa da Revista Casa da Editora Abril, 2012. É a segunda vez que o trabalho do CEPFS chega a final deste prêmio. No ano de 2010, foi finalista e vencedor na categoria Ação Social. Este ano, mais uma vez é um dos finalistas. Veja   http://casa.abril.com.br/materia/premio-planeta-casa-conheca-os-finalistasEm outubro serão anunciados os vencedores. De certo modo é mais uma conquista, em cuja qual os atores sociais são os agricultores e agricultores experimentadores que ao longo da trajetória de trabalho da entidade tem aderido ao seu processo de capacitação e reflexão acerca do desenvolvimento local.

domingo, 9 de setembro de 2012

Famílias Beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas participam de Capacitação em GAPA




Renalle Benício
Comunicadora Popular CEPFS/ ASA
Teixeira 08/09/2012

O Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), realizou no início desta semana, na comunidade Riacho Verde, município de Teixeira-PB, um encontro de Capacitação em Gestão de Água para a Produção de Alimentos (GAPA) com as famílias que serão beneficiadas pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).

A primeira parte da atividade foi dedicada a um diálogo que enfatizou as ações de convivência com o Semiárido, desenvolvidas pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil).  Em outro momento os participantes se reuniram, e divididos em grupos construíram o mapa hídrico da comunidade. Na apresentação dos trabalhos os grupos apresentaram as fontes hídricas existentes na comunidade, a ocasião também gerou debate sobre os motivos pelos quais algumas fontes deixaram de existir.

Outra parte da capacitação foi recheada de atividades práticas, os agricultores e agricultoras fizeram visitas à propriedade do senhor Solon Arruda, para conhecerem as tecnologias sociais de captação, armazenamento e manejo de água de chuva construídas na propriedade. São experiências que comprovam diferentes possibilidades de aproveitamento do potencial hídrico.

Após as visitas os participantes discutiram sobre as impressões que tiveram. Para seu Sebastião Martins a experiência vista pode ser reaplicada basta o agricultor acreditar “isso foi possível porque ele acreditou e se organizou. Quando a gente acredita em alguma coisa, encontra forças para conseguir realizar. Outra coisa, o que vimos aqui não vem de agora, o que faltava era mais conhecimento e informação”. Declarou o agricultor.

Durante toda a capacitação, além da troca de experiência entre agricultores e agricultoras também houveram momentos de muita descontração e animação.

A capacitação em Gestão de Água para a Produção de Alimentos é uma das ações de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas, o objetivo central é refletir e construir com as famílias beneficiadas pelo programa, alternativas para a gestão sustentável da água.

 “Aprendi muitas coisas interessantes, quero que o arredor da minha casa fique um paraíso, vou plantar muitas frutas e verduras. Antes desse encontro, eu não dava valor ao umbuzeiro e agora quero fazer uma plantação. Ontem mesmo quando cheguei em casa, fui na casa da vizinha, consegui quinze caroços de umbu e já plantei. Aprendi que é uma planta tem muita serventia e que devemos valorizar.”
Maria Márcia
Comunidade Coronel