Renalle Benício
Comunicadora Popular CEPFS/ ASA
Teixeira 21/09/2012
Foram as chuvas irregulares, estiagens prolongadas,
e um fenômeno climático chamado seca, os principais fatores que motivaram os
agricultores e as agricultoras do semiárido a desenvolverem estratégias para a
convivência com as particularidades desta região. Agora eles e elas se reúnem
em atividades de formação para trocarem experiências.
Nas três primeiras semanas do mês de setembro, o
Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), realizou nos municípios
de Teixeira, São José do Bonfim, Maturéia e Imaculada, capacitações em Gestão
de Água para Produção de Alimentos (GAPA).
Estes espaços de encontro entre agricultores e
agricultoras foram muito mais que momentos de “capacitações”, foram
principalmente, ocasiões que propiciaram a troca de saberes e a construção de
conhecimento entre os participantes, que durante as atividades ouviram experiências e compartilharam
as suas, visitaram propriedades e participaram de atividades práticas.
A área de experiência do CEPFS que fica na
comunidade Riacho das Moças, no município de Maturéia, sediou uma das
capacitações, o local foi bastante propício para dar vida ao conteúdo
trabalhado. Os participantes visitaram as diversas tecnologias sociais de
convivência com o semiárido implantadas no local, entre elas estão o tanque em
pedra, o biodigestor, e a experiência de canteiros econômicos. Também
conheceram a cisterna de enxurrada que serviu de referência para o Programa uma
Terra e Duas Águas. Hoje através deste programa a experiência se multiplica por
todo o semiárido brasileiro. Para o animador Marcos Sales o local foi bastante
favorável para a realização da atividade. “Foi
bastante estratégico a realização deste GAPA aqui na área experimental por
conta da organização hídrica que existe e das experiências de convivência aqui
desenvolvidas.“ Declarou o animador.
Os agricultores comprovaram, de perto, que tendo
água armazenada, é possível continuar gerando vida e produzindo alimento em
plena estiagem. “Aqui
é um colégio, porque a gente que tem um pouco de experiência sai com mais
conhecimento ainda. Essa experiência do Tanque em Pedra desenvolvida aqui é
muito interessante, quando chove a água captada na pedra enche várias
cisternas, que garante água para a plantação durante o ano inteiro. Sem falar
que foi feita com uma pequena quantidade de recurso. Aqui é como eu já falei é
um colégio, inspirador de mais para nós, porque tem tanta gente por aí que sabe
das coisas, mas esconde as informações.” Declarou o Agricultor Sebastião Nogueira,
da Pedra Lavrada, Município de Maturéia.
As capacitações fazem parte das atividades de
formação do Programa Uma Terra e Duas Águas e reúnem beneficiários e
beneficiárias do referido programa, a
fim de refletirem sobre as alternativas de aproveitamento sustentável dos
recursos naturais, desenvolvidas ao longo do tempo por homens e mulheres do
campo que convivem nesta região.
“O que a
população do semiárido precisa é de infra-estrutura hídrica para enfrentar os
períodos mais críticos, precisa de mais apoios governamentais que valorizem o
saber popular apoiando as experiências desenvolvidas pelos agricultores e agricultoras
que na luta pela sobrevivência já encontraram alternativas eficazes, capaz garantir
vida digna no semiárido.” Declarou Maria Helena, Instrutora das capacitações
em GAPA.
“Saio daqui
com planos para o futuro. Nós mulheres que participamos deste evento já
conversamos sobre a possibilidade de montarmos um grupo para trabalhar com
beneficiamento de frutas para produção de doces. Inicialmente, podemos
comercializar na comunidade e depois expandir para a feira da agricultura
familiar em Patos. Com a cisterna teremos condições de produzir mais e plantar também
aquelas frutíferas que ainda não temos. Saímos daqui com o compromisso de levar
a discussão para outras famílias também”. Lucineide
Vieira, Comunidade
Tubarão - São José do Bonfim.
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