José Dias Campos*
José Rego Neto**
O CEPFS tem refletido com o público com o qual trabalha que a saída para a convivência com a realidade semiárida está no desenvolvimento de iniciativas de captação e manejo de água de chuva, a partir dos potenciais hídricos, naturais, existentes nas propriedades da agricultura familiar. Para tanto tem estimulado diversas iniciativas de captação e manejo de água de chuva nas propriedades da agricultura familiar no semiárido da Paraíba. Essa idéia assume significado importante porque tem bases em uma estratégia de distribuição difusa do líquido precioso para o atendimento das necessidades básicas das famílias que, ainda, assumem papel fundamental na agricultura familiar, em relação ao desenvolvimento local. Há, no entanto, que se considerar a necessidade, urgente, de se ter um maior, melhor e mais detalhado estudo que permita com segurança afirmar que volume de água é necessário, tomando, talvez, por base a média de 06 pessoas por família, para atravessar um ano de estiagem prolongada, a exemplo da atual seca que a maior parte do semiárido está enfrentando neste ano de 2012. Sem dúvida esses elementos aprimorariam as ações que já vem sendo desenvolvidas pela sociedade civil, como caminho de adaptação às mudanças climáticas para melhor convivência das famílias com a realidade semiárida. Na contra mão as políticas públicas tem apontado e promovido ações que requer um processo de distribuição centralizado e gestão dependente, do tipo construção de grandes reservatórios, canais de transposição, etc. Evidentemente para o atendimento das grandes massas, consumidoras, de água (populações dos grandes centros urbanos) será importante estudar possíveis interligações de bacias, mas, para as populações rurais, inclusive para o fortalecimento da agricultura familiar o desenvolvimento de iniciativas de captação e manejo de água na propriedade pode, sem dúvida, responder melhor a uma proposta de desenvolvimento local, com princípios de sustentabilidade. Nessa ótica de análise, do ponto de vista de mananciais de uso coletivo é importante frisar que, quase não se escuta falar de iniciativas públicas (políticas públicas) voltadas para a recuperação dos reservatórios já existentes e das capacidades das bacias ou microbacias onde estão localizados. A idéia central sempre tem sido a de construção de novos sem, inclusive, estudar melhor as condições e capacidades de captação de água das bacias e microbacias. Essa idéia ao invés de melhorar a capacidade de captação de água para o atendimento das famílias, de forma coletiva, pode contribuir para divisão do volume de água dos reservatórios coletivos, e no caso especifico do semiárido, influenciar em um maior índice de perca por evaporação. Logo pode se concluir que para a segurança hídrica das propriedades da agricultura familiar no semiárido é necessário um maior e melhor estudo para investimentos em estruturas de distribuição difusas, a serem construídas nas próprias propriedades, de acordo com seus potenciais hídricos naturais, tornando-as mais seguras e eficientes quanto ao aproveitamento dos recursos naturais, no âmbito familiar, e, para o uso coletivo, investimentos na recuperação dos mananciais, bacias e microbacias de modo a permitir maior e melhor capacidade de captação, armazenamento e uso das águas que caem nas regiões.
* Economista, coordenador Executivo/CEPFS
Empreendedor Social da Ashoka/Lemelson
** Licenciatura em Geografia – Assessor Técnico do CEPFS
Nenhum comentário:
Postar um comentário