O Programa de Formação e
Mobilização Social para Convivência com o Semiárido Uma Terra Duas Águas
(P1+2), a partir do Termo Aditivo 02/2013, financiado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social – MDS introduz em seus componentes educativos a
abordagem Produção de Alimentos
Saudáveis. Essa abordagem tem como proposta a utilização de duas
ferramentas onde se exercita com a família uma avaliação socioeconômica e
ecológica do seu Agroecossistema.
Nesse sentido, o Centro de
Educação Popular e Formação Social – CEPFS, Unidade Gestora Territorial do
P1+2, realizou no último dia 20 de outubro uma visita técnica junto à família de
Maria das Dores e José Carlos, que residem com os filhos Rubenildo, Francisca e
Filó, na comunidade São Francisco, Teixeira-PB.
A visita foi construída a
partir dos instrumentais Linha do Tempo e Mapa
Participativo da propriedade, onde a família descreveu a sua trajetória de
vida e o seu agroecossistema.
Na linha do tempo a família
reproduziu uma matriz cronológica que teve como objetivo o registro e a
correlação dos principais eventos/acontecimentos, que marcaram a vida familiar,
no agroecossistema no decorrer do tempo.
Os mapas participativos
(antes e hoje), construídos pela família, constituem-se uma representação
gráfica, permitindo visualizar a distribuição espacial dos diferentes
subsistemas do agroecossistema, bem como a interação entre as diversas
atividades proativas realizadas pela família.
Essas ferramentas foram
apresentadas em um encontro e visita a propriedade familiar com a participação
de agricultores (as), técnicos de ONGs e Assessoria Técnica da AP1MC. A nova
abordagem é uma alternativa para a intensificação do diálogo cada vez mais
interativo com as famílias agricultoras.
“O
valor dessa nova abordagem está em proporcionar as famílias um
autodescobrimento, enquanto atores sociais que estão mudando para melhor a
realidade da comunidade onde vivem”, comentou o coordenador do
projeto José Rego Neto.
Após a apresentação da linha
do tempo e dos mapas, de forma dialogada e a partir dos materiais gráficos, foi
realizada uma visita à experiência da família, onde se constataram as mudanças
significativas a partir de processos empreendidos como:
o início das práticas agroecológicas, a conquista de tecnologias de convivência
com o semiárido, a inserção no associativismo, a participação em atividades formativas,
a comunicação popular.
“A
partilha da experiência e o diálogo com a família é uma forma de abordagem
muito interessante e provocadora, pois a partir desses elementos cada um de nós
enxerga a possibilidade de construção de nossa própria sistematização”, destacou
o assessor de comunicação da ASA, Daniel Lamir.
Uma das tecnologias
conquistadas pela família foi o Sistema de Boia para Lavagem do Telhado,
tecnologia desenvolvida para proporcionar a melhoria na qualidade da água para
o consumo humano. Com o auxílio de uma maquete, o agente educador do CEPFS,
Adailson Vital demonstrou o funcionamento do sistema. “É importante ter também uma atenção para o manejo da água, pois apesar
da eficácia do sistema da boia, se forem inseridos objetos contaminados dentro
da cisterna, a água também ficará contaminada”, explicou.
O manejo da água faz parte
de uma série de aprendizados que a família conquistou e compartilhou com
orgulho. “Foi um processo riquíssimo, eu
era muito tímido e não sabia como me expressar nos espaços, mas sabia que
precisava encontrar um meio de mostrar minha opinião. Tive a oportunidade de
participar das formações e aprendi que se eu não tivesse acreditado que era
capaz não tinha construído tudo o que tenho hoje”, relatou Rubenildo.
E foi com orgulho que a
família compartilhou sua história de vida, de luta e de aprendizados. “Eu me sinto orgulhosa de compartilhar minha
vida e minha dor, pois já sofri muito, sofri e chorei, mas quem tem fé em Deus
não desiste e hoje eu digo que venci. Quero mostrar para todos, o exemplo de
minha vida”, conta Maria das Dores.
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